sexta-feira, 10 de abril de 2009

Entrevista

Juliana Destro, 25 anos, formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero em 2007, trabalha na “Yahoo!” há 2 anos, onde atualmente é editora de música, e também responsável pela atualização da home page. Com base nos textos do post abaixo, ela discute e comenta seu ponto de vista em relação ao Jornalismo de Serviço, até que ponto se torna útil à sociedade. E, em relação ao tema Violência, sobre qual aspecto ela definiria o modo de noticiar as notas criminalísticas.

1º Sabemos que o Jornalismo de Serviços tem várias funções, tanto informar as pessoas a se prevenir de problemas, como orientar a resolvê-los, contribuindo para melhores condições de vida do receptor. Porém, também há os que contradizem esta definição, e relatam que o jornalismo de serviços nada mais é do que a reconstrução da realidade sob a ótica do consumo. Qual o seu ponto de vista sobre este conceito? O Jornalismo de Serviço é útil à população ou ela pode ser descartável?

Juliana Destro - A função do jornalismo é prioritariamente informar, portanto, o jornalismo de serviço é sim útil quando se trata de uma reportagem ou notícia informativa. Por exemplo, quando se produz uma reportagem sobre as novas regras para a declaração do Imposto de Renda, o jornalista pode incluir informações que ajudem o leitor a entender e aplicar tais regras.
(exemplo):http://br.noticias.yahoo.com/especiais/id_irpf.html
Outro exemplo muito comum na prática jornalística, e que eu costumo usar no meu cotidiano, é incluir em notícias sobre shows ou espetáculos, informações sobre a data, locais de compra de ingressos, valor do ingresso, etc.
(exemplo):http://br.noticias.yahoo.com/s/27032009/48/entretenimento-comeca-venda-ingressos-shows-oasis.html

2º Você acha que a função do Jornalismo de Serviço comprometeu a verdadeira função de um jornal? Já que o Jornalismo de Serviço também se define como um influenciador ao consumo.

Juliana Destro -
Depende. Se estivermos falando de serviço no sentido de informações a respeito de alguma situação que envolva consumo, como um espetáculo teatral, um show, uma estréia de cinema, é sim função da prática jornalística, porque é informação. Se até mesmo uma revista de moda faz uma reportagem e coloca a marca e o preço dos modelos apresentados, ainda se trata de informação jornalística. Agora propaganda pura e simples não é jornalismo. Produzir reportagens com o simples intuito de divulgar um produto, prática conhecida como jabá, não é jornalismo. Afinal, a propaganda nunca vai apontar os prós e contras do que foi apresentado, só o que é positivo, além de tentar convencer o leitor a consumir tal produto e esta não é a função do jornalismo.


3º De um modo positivo, o Jornalismo de Serviço também pode ser retratado como o ramo jornalístico que mais cresceu em termos de espaço ocupado, respondendo às demandas da vida urbana. Neste caso, você acha que o Jornalismo de serviço pode ajudar as pessoas a resolver seus problemas e fazer suas escolhas de, por exemplo, lazer, de segurança, investimentos?

Juliana Destro - Sim, pode ajudar. Afinal, a função do jornalismo de serviço é exatamente essa, expor as possibilidades e deixar que o leitor escolha o que considera melhor.

4º Em nosso blog, retratamos o assunto do jornalismo criminalístico, de como uma notícia de tragédia afeta as pessoas, de um modo geral. Você acha que o Jornalismo de Serviço, por exemplo, pode ajudar a população a se defender/prevenir de situações que são retratadas nas notícias criminais? Como se fosse um aviso, para as pessoas não irem a determinado lugar com alto índice de estupro ou de mortes, ou você acha que o Jornalismo de Serviço não vai para esse lado?

Juliana Destro - Não. Neste caso, não acho que o jornalismo policial presta um serviço, ele apenas relata um fato. Por exemplo, quando a menina Isabella Nardoni foi jogada do sexto andar do prédio onde mora seu pai, os meios de comunicação passaram a divulgar notícias semelhantes de crianças que foram assassinadas da mesma forma. Isso não quer dizer que o número de casos de crianças jogadas pela janela cresceu.
O que acontece, é que quando uma notícia gera grande repercussão, ela vira pauta, pois gera audiência. Então os meios de comunicação procuram histórias semelhantes para prender a atenção do público. Quantas notícias de crianças jogadas pela janela você viu este mês em jornais, revistas ou telejornais? Isso significa que este tipo de crime nunca mais foi praticado? Claro que não. Na minha opinião, isso não é jornalismo de serviço, porque não auxilia nenhum leitor ou telespectador, apenas chama atenção e gera audiência.
Agora, se você faz uma reportagem sobre crianças desaparecidas, por exemplo, e informa um número telefônico para denúncias ou fotos destas crianças para ajudar na busca, não deixa de ser um serviço.

5º Finalizando, como você define a notícia de tragédias relatadas nos jornais, telejornais?
O sensacionalismo está sempre presente neste tipo de notícia ou há somente seriedade por parte de alguns jornais? E, você concorda que a imprensa pressiona muito os fatos policiais, deixando o público cada vez mais envolvido, ou que isso na verdade é correto, faz parte da cobertura jornalística?

Juliana Destro - Explorar as notícias de tragédia, em minha opinião, não faz parte do jornalismo. Primeiro porque você pode expor as pessoas envolvidas de maneira inadequada, segundo porque você pode atrapalhar uma investigação policial. Como no caso da menina Eloá, que foi morta pelo namorado com um tiro na cabeça depois de ficar alguns dias mantida como refém em sua própria casa. Era mesmo necessária a presença da TV o tempo todo no local? O que foi que eles conseguiram? A imagem de uma menina baleada e uma morta. Onde está a informação? Bastasse que o desfecho fosse relatado, mas com certeza a audiência que este caso gerou justifica tal comportamento. Não se trata apenas de “levar mais informação”, mas sim de uma disputa com outras redes que buscam audiência, imagens e polêmica. Como vocês mesmo disseram, estamos em uma sociedade de consumo, e o jornalismo gera dinheiro a partir do momento que gera audiência.

2 comentários:

  1. ohhh

    começaram mandando mto bem
    a entrevistadora e a entrevistada^^

    bjos!!!
    (charret)

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  2. Gostei da entrevista..;)
    Começaram bem!

    Continuem assim meninas..
    Fato que chegarão longe!

    beijo

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