segunda-feira, 8 de junho de 2009

Meios de Comunicação: Em qual verdade devemos confiar?

Ainda na questão do Jornalismo Moderno, essa fase é muito comentada e criticada no livro “A Tirania da Comunicação”, de Ignácio Ramonet, em que mostra as conseqüências do uso da notícia como manipulação pelos meios de comunicação. Essa fase tem 3 etapas, discutidas aqui segundo Ramonet.


Passando pela 1º etapa, o autor comenta sobre a questão da Hegemonia, a imprensa vista como quarto poder. E, segundo o autor, a televisão é a primeira mídia em lazer e informação, em que essa hegemonia se confirmou a partir da Guerra do Golfo. Ramonet mostra que os meios de comunicação não dependem do poder político, e que hoje, o inverso é mais comum. A mídia, que por muito tempo foi considerada o “quarto poder”, hoje é tida como o segundo poder, pela sua ação e influência, só atrás do poder econômico, e mais poderosa que o poder político. Por exemplo, quando todos os meios de comunicação afirmam um acontecimento como verdadeiro, mesmo que seja falso, como duvidar desta verdade? Vide o caso que retratamos do Escola Base, em que as vítimas se tornaram culpadas pelo sensacionalismo e poder da mídia.


A 2º etapa é sobre a questão da profissionalização dos jornalistas, o surgimento do código de ética, a liberdade de opinião. Na segunda parte do livro – a era da suspeita – Ramonet cita os sentimentos dos cidadãos em relação à mídia: ceticismo, desconfiança. A primeira era da suspeita foi nas décadas de 60 e 70, quando se acreditava que ao controlar a televisão, controlavam-se os eleitores.
A segunda era da suspeita funda-se na convicção de que a mídia não é confiável e que muitas vezes apresenta mentiras como verdades. Como no caso Clinton-Lewinsky, citado por Ramonet, onde o presidente dos EUA foi acusado de sair com uma ex-estagiária da Casa Branca.


A 3º e última etapa desta fase se deve ao Universalismo, o princípio da função social, que é o que o jornalismo pratica hoje. Ou, que pelo menos se deveria praticar. Essa etapa significa o compromisso com o leitor, o direito à informação, à veracidade.

Ramonet critica os meios audiovisuais de comunicação, a forma como usam esse meio atualmente. Para o espectador existe a ilusão de que ver é compreender, e todo acontecimento deve ter imagens. E essa concepção suscita o interesse por cenas violentas e sensacionais. O texto é uma enorme crítica aos meios de comunicação que não têm ética, aos que manipulam o que é noticiado, aos que vulgarizam seus programas a fim de conquistar o maior número de espectadores.


Tendo como base o livro citado, pudemos enxergar que a tecnologia dentro da comunicação trouxe muitas facilidades e variedades de mídia para chegar a toda a população. Porém, todo mundo sabe que isso não rende somente coisas positivas.
Dizem que a “Internet é a expressão máxima, global e triunfal”. Não é mentira que a Internet dá acesso a qualquer um dizer o que pensa, ela é sim, o meio de comunicação com “expressão máxima”. Porém, correm-se os riscos das informações serem falsas ou erradas. A internet abre esse espaço para quem quiser tê-lo, mas nem sempre essa liberdade poderá ser confiável em qualquer clique que se abra no Google.
Aqui no blog retratamos temas bastante polêmicos, para comportar as fases do jornalismo que abordamos. De uma maneira também mais didática, explicamos tudo o que escrevemos e porque os escrevemos. Entramos bastante na questão do Sensacionalismo, o que o livro de Ramonet se aprofunda bastante, e aliás, é isso o que ele quer passar o tempo todo: Hoje em dia a mídia se sustenta do sensacionalismo, a TV é um exemplo claro disso.


Concluímos, afinal, que sem liberdade de expressão, a verdade não aparece. Porém, fica a contradição:


"Logicamente que pode existir liberdade de imprensa.
A única condição para tanto é que haja imprensa.
Mas a questão é: liberdade para quem?"


Fonte:
www.galizacig.com/actualidade/200709/vermelho..

Jornalismo Moderno = Cultura Comercializada?

Algumas delas foram a implantação da propaganda nas publicações, pelas grandes tiragens, do uso de linguagem objetiva, além do surgimento de fortes grupos editoriais que monopolizavam o mercado. Porém, também teve como herança do Jornalismo de Ideias – já retratado aqui – a capacidade argumentativa, disseminação de ideias libertárias, dentre outras.

Outro fator marcante foi a utilização da impressora a vapor, que possibilitou a produção em massa. A partir daí, nos Estados Unidos, surgiram os jornais de penny (baratos e populares), cujo primeiro representante foi o New York Sun.

Empresários
* EUA – William Randolph Hearst (1863-1951) e E.W. Scripps (1854-1926) construíram imensas cadeias de jornais.
* Hearst inspirou Orson Welles a produzir o filme “Cidadão Kane” (1941).
* Os produtos da cadeia Hearst foram atacados como “imprensa marrom” e os de Scripps, como “liberais pró-trabalhistas”. Imprensa marrom (yellow journalism) é o jornalismo que busca o sensacionalismo e a audiência, aumentando as vendas com a divulgação de crimes e acontecimentos "apelativos”.

Com a revolução do capitalismo, evolução tecnológica, e o fortalecimento da alfabetização, o jornalismo moderno surge também como indústria cultural, termo criado pelos teóricos Theodor Adorno e Max Horkheimer, para definir a conversão da cultura em mercadoria.

A relação entre jornalismo mercadoria e indústria cultural também pode ser interpretada como fonte de divulgação de cultura por meio de publicações, vendendo assim a novidade ao público e rendendo lucros para ambas as empresas (jornalística e cultural). Porém, o Jornalismo Moderno também comporta a característica de tratar a cultura como produto, vendendo-a na imprensa como um meio comercial, em que o público torna-se consumidor e gera lucro desses 'produtos'. Aí, fica na questão se o público consome o “produto” porque realmente gosta ou pela forma que ela é divulgada: De tanto chamar a atenção ou de tanto ver/ouvir a mesma propaganda várias vezes.
Grandes sucessos como Beatles, Elvis Presley, foram frutos de propagandas na TV, que na época foi um estouro e todos queriam seguir o que passava na telinha. Hoje não é diferente, visto que muitos grupos musicais ou muitos autores de livros fazem sucesso não somente pelas suas qualidades, mas também envolvendo dinheiro, poder, e manipulação de empresas para que gerem audiência e lucro.

Uma composição do grupo Nação Zumbi retrata essa questão da propaganda manipular o consumidor, em que o Jornalismo Moderno de certa forma ajuda devido à questão de campanhas publicitárias nos jornais e revistas.

Trecho da Música “Propaganda”
Comprando o que parece ser / Procurando o que parece ser
O melhor pra você / Proteja-se do que você vai querer
Para as poses, lentes, espelhos, retrovisores / Vendo tudo reluzente
Como pingente da vaidade / Enchendo a vista, ardendo os olhos
O poder ainda viciando cofres / Revirando bolsos
Rendendo paraísos nada artificiais / Agitando a feira das vontades
E lançando bombas de efeito imoral / [...]
Sua propaganda não vai me enganar
Como pode a propaganda ser a alma do negócio
Se esse negócio que engana não tem alma [...]
Você é a alma do negócio
Necessidades adquiridas na sessão da tarde
A revolução não vai passar na TV, é verdade [...]
Corro e lanço um vírus no ar / Sua propaganda não vai me enganar
Eu vi a lua sobre a Babilônia
Brilhando mais do que as luzes da Time Square
Como foi visto no mundo de 2020
A carne só será vista num livro empoeirado na estante
Como nesse instante, eu tô tentando lhe dizer
Que é melhor viver do que sobreviver
O tempo todo atento pro otário não ser você
Você é a alma do negócio, a alma do negócio é você
Corro e lanço um vírus no ar / Sua propaganda não vai me enganar

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